quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Oxum de Riacho Sujo (Poema dos Excessos)


Para Lucía Etxebarria

O vento abre tempestades/ se entregando aos abismos e rios./ Eu como vaidades, lágrimas em gotas de chuva/ que evaporavam e ninguém vê:/ tuas palavras de internauta transbordam, em nagô,/ como rios vermelhos.

/Odeio-te com todas as tuas mentiras!/ Desde a primeira vez, por msn ou telefone,/ desejei... e hoje quero tua ausência,/ não sei, talvez para continuar essa merda de amor/ romântico que corrói meu sonho,/ dia e noite,/ nessas histórias causadas pela falta que tuas palavras me fazem./

Sou Iansã Empoeirada,/ cegueira constante,/ nesse vazio deixado por outros amores./ Tu, Oxum de Riacho Sujo,/ doces formas corroendo caminhos,/ construindo passarelas de segurança, nunca alcançadas/ ignoradas no controle do desejo alheio.

FW:
- Marco Antônio perdendo seu império por amor à Cleópatra.
- Ofélia se atirando no rio por não ver o amor de Hamlet.
- Botticelli enlouquecendo por Simonetta Vespucci,
imortalizando
sua beleza em grande parte de sua obra.
- Dom Quixote se iludindo em ações à Dulcinéia.
- Werther se dando tiro quando sabe que Carlota vai se casar.
- Anna Karenina abandonando o filho por amor a Vronski,
sendo esmagada pelo trem.

//\\

- Rimbaud não escreveu uma só linha depois que terminou
sua relação com Verlaine.

Sou/ Iansã Inconstante Pelo Nada/ de significado nessa porra/ de discurso de ausência do objeto amado./ Todas as coisas se perderão no tempo/ lágrimas dissolvidas na chuva.

Danilo Machado

Foto: Pierre Verger

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